No terceiro trimestre deste ano, os balanços divulgados pelo Magazine Luiza e pela Casas Bahia indicaram que ambas as gigantes do varejo nacional ainda enfrentam desafios significativos. Mesmo com diferentes tipos e magnitudes de obstáculos, ambas continuam a enfrentar um cenário de juros elevados e renda limitada do consumidor. No entanto, ambas estão implementando estratégias para reerguerem-se.
Para o Magazine Luiza, conhecido como Magalu, a concentração está nas vendas online, destacando-se o modelo de marketplace que permite que outras empresas vendam produtos na plataforma virtual da varejista. As mais de 1,3 mil lojas físicas tornaram-se pontos de apoio ao sistema operacional virtual.
As vendas online no Magalu cresceram 6% e representam 73% do total no terceiro trimestre, com os 27% restantes provenientes das lojas físicas (em 2019, as lojas físicas representavam 52% do total). No universo virtual, o marketplace conquistou 30% das vendas, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. O setor digital com produtos da própria rede representa 43% do total, ainda que tenha diminuído desde 2022, quando era de 48%. O marketplace é a vertente que mais cresce, aumentando em média 51% a cada 12 meses nos últimos quatro anos.
Atualmente, participam do marketplace do Magalu 323 mil vendedores, com 114 milhões de ofertas de produtos. Algumas categorias tiveram um aumento significativo nas vendas, como tênis de corrida (69%), pneus para carros (84%) e cortadores de grama (85%). Frederico Trajano, CEO da empresa, destacou que quanto mais o marketplace cresce, maior é a rentabilidade da companhia, devido aos custos operacionais inferiores.
A Casas Bahia, por sua vez, tem uma estratégia detalhada no plano de reestruturação divulgado em agosto. Este plano inclui a redução de estoques, o fechamento de 50 a 100 das quase mil lojas em todo o país e a demissão de 6 mil funcionários.
Uma das principais iniciativas da Casas Bahia é a mudança nos parâmetros do crediário oferecido aos clientes. Este novo modelo de crediário poderia adicionar cerca de R$ 250 milhões por ano à receita da empresa. O crédito é fundamental, já que metade dos consumidores que utiliza o carnê para uma compra, realiza uma segunda compra pelo mesmo sistema após liquidar a primeira.
A empresa também está planejando colocar a carteira que sustenta os carnês no mercado de capitais, constituindo um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com uma previsão de capitalização de R$ 600 milhões.
Ambas as empresas enfrentaram dificuldades em seus balanços recentes. O Magazine Luiza registrou um lucro líquido de R$ 331,2 milhões, revertendo um prejuízo de cerca de R$ 191 milhões no mesmo período de 2022. No entanto, um dado negativo surpreendeu o mercado: a empresa precisou ajustar seus demonstrativos financeiros em R$ 830 milhões, afetando seu patrimônio líquido.
A Casas Bahia divulgou um prejuízo líquido contábil de R$ 836 milhões no terceiro trimestre deste ano, um aumento de 311% em relação às perdas de R$ 203 milhões no mesmo período em 2022. Esses desafios persistem, mas ambos os varejistas estão determinados a traçar novos caminhos para superar a crise e alcançar resultados positivos.